Molho de chave encontrado a esmo, viúvo de portas, empunha inútil o seu segredo. Nem mesmo a concha da fechadura a lhe dar ouvidos. Ao longe, uma campainha estridente carpindo sua perda. O silêncio indefinidamente encerrado dentro.
De vez em quando, a mão inconformada fareja os trincos, a matilha de nós dos dedos a ladrar nervosamente à porta.
A ausência, acuada, estilhaça as vidraças e foge pelos telhados. Amplia seus domínios. Deserta a prisão da casa. Escancara a cidade deserta.
Estás solta hein amiga! Bom te ver assim!
ResponderExcluirBeijos,
Elis
É agradável o tilintar de seu molho de chaves.
ResponderExcluirImpressão minha, ou tem o som de um bolero?
Seria ela uma mulher das que se apaixonam ou das que seduzem?
Entre a curiosidade e o assombro fico com as duas coisas juntas.
Te recebo.
Me recebes.
Gloriosa tua visita.
Te abraço com cuidado.
"Ser é um susto"
ResponderExcluirMaravilhosa definição, gostei demais.
Muito grata por sua visita.
Beijo
Be Lins,
ResponderExcluirEu é que agradeço por me inspirar! Meu comentário no seu blog, inspirado no seu texto, acabou virando um micro-texto, que ainda está no forno. Postarei em breve.
Pipa,
Tentei escutar o bolero atrás da porta, mas a música tocava baixinho. Só distingui a percussão. Ou era o coração da casa, pisando tábuas? Te cuido com um abraço, o mais aconchegante de mim.
Amiga,
Estou tentando mesmo brincar mais de me soltar na cama-elásticas das palavras, esperando que me devolvam peso pelo impulso do salto. Só se pode ir cada vez mais alto ou mais fundo!
Isso aqui é lindo demais: "a matilha de nós dos dedos a ladrar nervosamente à porta". Estou olhando minhas mãos, os dedos latindo. Doído de tão lindo. Beijo!
ResponderExcluirAhn mas o que temos aqui?!
ResponderExcluirUma garota que usa e abusa de figuras de linguagem de forma poética e assustadoramente eficaz. Porque não é pra qualquer um transformar uma simples batida na porta em palavras arrepiantes! Isso é dom, moça.
Um beijo pra voce.
Vã
Agora sim, você está começando a refletir na rede o brilho que é inerente à sua voz, às suas palavras. E eu vou no embalo, conhecendo toda essa gente que tem olhos para ler o belo que nasce de você. Você, pura arte!
ResponderExcluirDesvelar as camadas de sentidos, sobreposições, farejar o mistério. É o que propicia o seu texto.
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