domingo, 22 de novembro de 2009

Âmbar

Eu sei: faz tempo que me recuso a ser. A seiva grossa, adensada pelo acúmulo, busca com dificuldade caminho para fora. A palavra arrancada a cortes, exudando. 

Da resignação à resina: não verto nem verso, nada. Ambiguidade com que me privo de voz 
sempre que em mim há grito. Silêncio! Impõe-se-me a trava de um dedo sobre a súplica dos lábios. 

Cristalizada em fóssil a intenção de vôo. Devolve-me o espelho os castanhos olhos com o besouro, antes inquieto, aprisionado dentro: da inquietude restou-lhe só o vazio ornamento.